De autoria do vereador João Donizeti (PSDB), a moção considera a obra “socialmente equivocada, ambientalmente daninha e economicamente duvidosa”
Na sessão desta quinta-feira (19), a Câmara Municipal votará uma moção proposta pelo vereador João Donizeti (PSDB) manifestando repúdio à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte na Bacia do Xingu, por entender que se trata de uma obra “socialmente equivocada, ambientalmente daninha e economicamente duvidosa”. Para o vereador a obra simboliza “a obsessão do governo federal em transformar os grandes rios do país em hidrelétricas faraônicas, como se não houvesse outras formas sustentáveis de geração de energia, ainda mais neste privilegiado continente que é o Brasil”.
De acordo com a moção, na Bacia do Xingu vivem 28 etnias indígenas e estima-se que a obra provocará o deslocamento de pelo menos 20 mil pessoas (população superior à de 73% dos municípios brasileiros, segundo o Censo 2000). O município de Altamira, hoje com 105 mil habitantes, poderá sofrer uma repentina explosão demográfica, tornando-se um problema urbano no coração da Amazônia, pois estima-se que 320 mil pessoas serão direta ou indiretamente afetadas pelas obras da usina na própria Altamira e cidades vizinhas.
Para João Donizeti, além desse drama humano, representado pelo desenraizamento de etnias indígenas, a obra poderá resultar numa verdadeira tragédia ambiental: “Só a terra que será retirada para a escavação de canais representa 210 milhões de metros cúbicos, quase o mesmo volume retirado para a construção do Canal do Panamá. A previsão é que sejam derrubados
“O próprio sistema elétrico do país, com investimentos em qualidade, pode ser uma fonte adicional de energia sem ter que construir grandes hidrelétricas. Estima-se que bastaria reduzir as perdas no precário sistema de transmissão de energia elétrica do país, estimadas em 15%, para economizar, anualmente, 33 milhões de megawatts/hora, o que dispensaria, com folga, a construção de Belo Monte”, conclui o vereador.
A moção de repúdio caso seja aprovada, será encaminhada à presidente Dilma Rousseff; ao presidente do Senado Federal, senador José Sarney; ao presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia; ao Ministério do Meio Ambiente, e ainda entidades não governamentais como o Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB), o Movimento dos Ameaçados por Barragens (MOAB), Greenpeace, Avaaz e WWF-Brasil.
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